AS BARREIRAS DE ACESSO A MEDICINA REPRODUTIVA E OS IMPASSES DO DESEJO

Autores

Palavras-chave:

Infertilidade, Técnicas reprodutivas, Psicanálise, maternidade

Resumo

De acordo com a WHO, a infertilidade afeta cerca de 48 milhões de casais em todo o mundo e cerca de 8 milhões de pessoas no Brasil. As tecnologias reprodutivas fornecem um campo privilegiado em possíveis articulações entre o feminino e o desejo de ter um filho. Considerando a importância social e psicológica da maternidade e da reprodução em nossa sociedade, a infertilidade pode afetar as esferas emocional, sexual e dos relacionamentos conjugais. Participaram do estudo 24 mulheres, acima de 35 anos, em tratamento para infertilidade em um centro de reprodução assistida de um hospital universitário. Os resultados apontam como barreiras de acesso o alto custo do tratamento, a longa permanência na fila de espera e o atraso no diagnóstico que pode, consequentemente, afetar o sucesso da reprodução assistida. Conclui-se que a não priorização da reprodução assistida nas políticas públicas exclui grande parte da população ao acesso a essas tecnologias visto que o desejo de constituir uma família ainda é presente na grande maioria das pessoas. Tal debate se faz necessário para consolidar os direitos reprodutivos das pessoas no âmbito do SUS, independentemente de sua condição socioeconômica, orientação sexual, estado civil, raça e cor.

Biografia do Autor

Rafaela Paula Marciano, Universidade Federal de Goiás

Doutorado em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de Goiás, Brasil(2022)
RT Psicologia do Hospital e Maternidade Dona Iris , Brasil

Nara Siqueira Damaceno, Universidade Federal de Goiás

Mestrado em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de Goiás, Brasil(2025)
Psicóloga Hospitalar do Hospital de Doenças Tropicais/Ebserh

Waldemar Naves do Amaral

Doutorado em Doenças Infecciosas e Parasitárias pelo Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública, Brasil(2006) Prof. Pós-Graduação em VH e VL em Ginecologia da Universidade Evangélica de Goiás

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Publicado

31-08-2025

Edição

Seção

Artigos